A caverna se forma quando água ácida penetra no solo, entra em contato com rochas calcárias e as dissolve, formando “ocos” no relevo. Esse processo é o que define o surgimento da maioria dos tipos de caverna. Segundo a espeleologia, ramo da ciência que estuda o assunto, caverna é toda cavidade natural rochosa com dimensões que permitam o acesso de seres humanos. Mas essa definição também abrange outras formas, como as cavernas em geleiras, recifes de coral ou rochas não calcárias. Outras variedades surgem provocadas por erosão, lava ou substâncias produzidas por bactérias. Seja qual for o tipo, elas são importantes não só para curiosos mas para os cientistas também. “As cavernas são um baú fabuloso de recordações da história do planeta e da vida”, diz o espeleólogo Clayton Ferreira Lino, coordenador da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera. Dentro desse baú, há informações sobre a história geológica da Terra, a formação da vida no planeta e a evolução do ser humano. Enquanto usavam as cavernas como casa, esconderijo e até como templo, nossos ancestrais deixaram inscrições nas paredes, fósseis e materiais que dão pistas de como era a vida na época das cavernas.
Água mole em pedra dura…
Durante milhões de anos, a acidez da água dissolve aos poucos a dureza da rocha
1. A calcita, formada por carbonato de cálcio, é o principal componente do calcário. E é nos terrenos calcários que a maioria das cavernas nasce. Ao longo das eras, o movimento tectônico e as mudanças climáticas provocam rachaduras nas rochas;
2. Quando chove, a água pluvial entra em contato com o gás carbônico (CO2) dissolvido no ar e no terreno. O resultado dessa reação química é uma água ligeiramente ácida, que vai atravessando as primeiras camadas do solo até chegar às rochas calcárias subterrâneas
3. A rocha calcária é insolúvel em água pura, mas desmancha na água ácida que vem de cima. Essa água dissolve as pedras no caminho e segue descendo pelas rachaduras até certa profundidade. Nesse ponto, a água estaciona e começa a dissolver o calcário ao redor, abrindo a caverna
4. A água segue “cavando” buracos, formando salões e corredores. Numa dessas, um dos corredores chega à superfície e abre a entrada da caverna. Quanto mais calcário na rocha, melhor. Com argila, impermeável, ou outros minerais, o processo pode parar
5. E a água da chuva continua caindo. A gota d'água chega ao teto da caverna em uma solução com gás carbônico e bicarbonato de cálcio, produto da dissolução da calcita
5a. A gota fica pendurada até ganhar peso e volume e cair. Nesse período, o CO2 dissolvido na água se difunde para o ar da caverna, que geralmente tem uma concentração mais baixa desse gás
5b. Com menos CO2, a água do teto fica menos ácida. Isso faz o bicarbonato se recristalizar sob a forma de calcita. O mesmo mineral que formava a rocha agora cria as estalactites
6. Processos parecidos de recristalização da calcita geram as estalagmites e outros espeleotemas, (como são chamadas essas formações nas cavernas), alguns até em forma de flor!
7. Depois de milhões de anos sendo aberta, uma caverna pode ser fechada por espeleotemas e sedimentos, mas isso leva milhões de anos. Mas que ninguém pense que ela está morta: a caverna pode “ressuscitar”, com o recomeço da dissolução do calcário
Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-se-forma-uma-caverna/